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INSTRUÇÃO  DO  PRIMEIRO  GRÁU  APRENDIZ  MAÇOM

A maçonaria é um sistema de moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos. É uma escola de filosofia social e espiritual. O dever precípuo de seus adeptos é a busca incessante da verdade.
Não é uma religião no sentido sectário, mas abrange em seus princípios a essência de todas; daí podermos afirmar que não é preciso ser maçom para crer em Deus, mas é indispensável crer no G.:.A.:.D.:.U.:. para ser maçom. Ela objetiva que seus membros se tornem homens cósmicos.

O grande pensador Huberto Rohden ensina:
O profano enxerga o mundo sem Deus.
O místico enxerga Deus sem o mundo.
O homem cósmico enxerga o Deus do mundo em todos os mundos de Deus.

A maçonaria é uma Ordem Iniciática, materializada sobre uma Instituição, formalmente legalizada. Seu caráter é universal e seus membros se espalham por todo o planeta, dispondo de S.:. T.:. e P.:. que permitem reconhecer-se mutuamente, onde quer que se encontrem.

Nada na maçonaria existe ou é praticado por acaso, tudo tem sempre uma razão de ser, com significado que pode ser interpretado sob dois aspectos : o exotérico, ou aparente e material, que pode ser percebido pelos sentidos físicos, e o esotérico, ou oculto e espiritual, interpretado e conhecido pelos verdadeiros iniciados.

Vamos aqui lembrar o ensinamento inscrito no Oráculo de Delfos : “nosce te ipsum, ou conhece-te a ti mesmo. É somente através da introspecção, do voltar-se para dentro de si mesmo, do despertar do seu “imo”, que se pode alcançar a verdadeira iniciação.

Nosso saudoso Irmão Tuany Valdetaro e Silva, há tempo no Oriente Eterno, nos disse por reiteradas vezes : o Grande Iniciado, o Mestre Jesus de Nazaré, conforme está escrito no Livro da Lei, pregava : eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão pelo mim  (isto é, não por mim).

Repetia ainda esse Irmão : “a maçonaria é um fato da natureza, e, sendo fato da natureza, é repetição diária, sucedida no mesmíssimo homem”. Então tudo o que aqui fazemos, o que nos é ensinado, o que nos é revelado, é natural e obedece as leis naturais e fundamentais que regem o universo.

O cultivo e o estudo da numerologia, notadamente de conformidade com a escola pitagórica, nos esclarece que nossos Templos, tanto o material como o espiritual, estão contidos dentro da década. Observemos : o primeiro, desde sua entrada até o Trono do Venerável, colocado no oriente da Loja, é percorrido pela subida de dez degraus em progressão. O segundo pelo percurso e escalada que devemos fazer do itinerário de IO. (isto é : dez, ou década).

Essa busca e o encontro da estreita porta de acesso, é obtida mediante nosso contínuo e constante aperfeiçoamento moral e espiritual, pois sabemos que nunca viremos a ser perfeitos, porém somos criaturas perfectíveis.

Dois símbolos que decoram a Loja ilustram, e muito bem, essa qualidade: a P.:. B.:. colocada ao lado do altar do Ir.:. 1º Vig.:., e que representa o Ap.:..

Se trabalhada com firmeza, constância e dedicação, virá a transformar-se na P.:. C.:. ou Piramidal, polida, que está ao lado do altar do Ir.:. 2o Vig.:., pronta para ser utilizada na edificação do Templo Maior que todos buscamos.

A maçonaria, desvelando os véus de Isis, se propõe revelar aos seus iniciados o segredo da esfinge, qual seja : de onde viemos, quem ou o que somos e para onde vamos. Esta revelação é feita, sucessivamente, nos três primeiros graus simbólicos.

O primeiro passo já foi dado, e agora alertamos : quem tem olhos de ver, veja; quem tem ouvidos de ouvir, ouça.

Lemos no Livro da Lei que, se nos preocuparmos antes com as coisas do espírito, o restante nos será dado por acréscimo. Recomendamos ao Irmão a atenta leitura dos dois livros editados pela Loja : “Quintino Bocaiúva n.10 – A Trajetória de uma Loja Maçônica Paulistana” e “Loja Quintino Bocaiúva n.10 – A Edificação da Morada”.

Pelos relatos ali feitos, o Irmão poderá constatar a veracidade dessa afirmação. Desde que a nossa Loja optou por dedicar-se com total prioridade aos estudos e práticas esotéricas da Ordem, reconhecendo-as como mais importantes do que muitas determinações administrativas, nas mais das vezes tomadas por autoridades mais preocupadas em marcar suas passagens transitórias pelo governo da instituição, seus rumos mudaram. Realizando antes as proposições de cunho espiritualista, as materiais aconteceram naturalmente.

E a construção do nosso Templo material próprio veio a ocorrer também naturalmente e em tempo relativamente rápido, como descrito nos livros acima citados.

Devemos também ao Irmão Tuany, na oportunidade assessorado por outros Irmãos, dos quais nos permitimos destacar o querido Irmão Aguenelo Martins Ferreira, ainda membro de nosso quadro, hoje não assíduo aos trabalhos em razão de residir no interior, a modificação formal de fazermos o sinal do grau.

O Irmão irá notar que a grande maioria das Lojas co-irmãs, felizmente não a totalidade, fazem o sinal gutural apoiando o d.:. p.:. ao lado do pesc.:.. Já a Quintino nos ensina a fazê-lo do seguinte modo : a m.:. dir.:. esp.:., com a palm.:. virada para baixo, q.:. d.:. fec.:. e o pol.:. ab.:. formando uma esquadria e, após, colocá-lo sobre o “gogó” fazendo uma leve porém firme pressão.

Porque ?  Porque aí se localiza o “chakra laríngeo”, que deve ser somatizado pelo Ap.:., pois como nos ensina o Livro da Lei : “no princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus, e o Verbo se fez carne”. Simbolicamente o Ap.:. não sabe l.:. n.:. esc.:., mas apenas sol.:.. Assim, um dos seus primeiros trabalhos deve ser também aprender a arte de falar.

Ao completar esse sinal gutural, é lembrado o juramento feito após receber a luz do conhecimento transmitida aos iniciados, e a penalização aos perjuros e traidores.

Esperamos que tenha ficado bem inteligível ao Irmão que não fazemos o sin.:. apenas para sermos diferentes, mas sim baseados em princípios totalmente coerentes com estudos através dos quais buscamos entender um pouco melhor a Arte Real.

O estudo e a prática dessa Arte Real, é a verdadeira razão de ser de nossa Sublime Ordem, sem o que poderia vir a tornar-se apenas igual aos tantos clubes de serviço que existem por aí, muitos inclusive para-maçônicos.

De conformidade com o pensamento pitagórico, o número que caracteriza o Ap.:. é o 3: esta é sua idade maçônica, a bat.:. do gr.:., sua mar.:., seu t.:. de rec.:. e, ainda os pontos que é ensinado a apor em sua assinatura.

Como sabemos, três é o número da Luz, pois ela é formada pelo fogo, pela chama e pelo calor. Dividimos o tempo, que é abstrato e intangível, em três fases : passado, presente e futuro. O movimento diuturno do sol é denominado nascer, zênite e ocaso. A vida humana : nascimento, existência e morte, ou também : mocidade, maturidade e velhice. São três as cores fundamentais : azul, verde e vermelho. É trina a constituição do ser humano : corpo, alma e espírito. No cristianismo temos a Trindade : Pai, Filho e Espírito Santo , e ela é também encontrada em todos os cultos e escolas filosóficas, ocultistas e iniciáticas.

O t.:. de rec.:. é dado com o pol.:. da m.:. dir.:., pressionando por três vezes na junção do ind.:. com o pol.:. da m.:. dir.:. do Ir.:.. Se ao dar o t.:. for crav.:. a u.:., isso significará que se está pedindo a Pal.:. Sag.:..

Essa pal.:., cuja inicial está gravada na coluna colocada na entrada do Templo e à esquerda do recipiendário, é sempre transmitida primeiro l.:. por l.:. e, após, sil.:. por sil.:., dada a condição acima citada do Ap.:. , ainda ignorante de leitura. Seu significado é “na fôrça, ou apôio”.
No altar dos juramentos está o Livro da Lei, durante os trabalhos aberto no salmo 133, e a posição do esq.:., colocado sobre o comp.:., nos ensina que, no Ap.:., a matéria ainda de sobrepõe ao espírito.

O grande Iniciado Hermes Trimegistus, o Três vezes Sábio, o Três Vezes Grande, o Três Vezes Poderoso, nos esclarece :assim como em cima, tal é embaixo, e assim como em baixo, tal é em cima”. Essa afirmação deve ser entendida como analogia e não igualdade.

O símbolo formado pelos dois triângulos superpostos e entrelaçados, conhecido com o Selo de Salomão, expressa muito claramente essa lição.
Ao macrocosmo corresponde o microcosmo, ou seja, o homem é estruturado à imagem e semelhança do Criador, do Grande Arquiteto do Universo.

Logo, nosso local de trabalho, a Loja, é uma representação do Universo (ou Um ao inverso). Assim como o orbe, suas dimensões são : do Ocidente ao Oriente, do Sul ao Norte, da superfície ao centro da terra, e inserida no espaço, com os astros e estrelas detalhadas no teto.

Outro grande pensador, Spinoza, afirma : “Há no Universo uma única Substância, que se manifesta em muitas circunstâncias, ou : é o Uno que se revela através de muitos Verso”. Ou ainda Deus é a alma do Universo e o Universo é o corpo de Deus.

Para identificar a condição de maçom, há uma pergunta específica que deve ser feita: “S.:. M.:. ?”
E uma resposta igualmente específica a ser dada: “M.:. IIr.:. C.:. T.:. M.:. R.:.”.
É assim que os Ir.:. verificam mutuamente sua real condição, qualquer outra maneira de perguntar demonstrará irregularidade no questionamento, não devendo ser respondida.

Finalizando, devemos alertar o Ap.:. de que não deve esperar que os MM.:. tudo lhe ensinem, pois a eles cumpre apenas despertar.

Como já explanado, o entendimento da Arte Real é um trabalho individual a ser exercido diuturnamente na busca do seu Eu Interno, como já recomendado na inscrição que o Ir.:. deve ter lido na C.:. das Ref.:., onde passou por sua primeira prova, a do elemento Terra, e que diz : V.I.T.R.I.0.L., isto é : “Visita o interior da terra; retificando encontrarás a pedra escondida”. Como dá para perceber, a expressão está dentro das normas que se convencionou denominar como linguagem hermética, isto é , reservada e compreensível somente aos verdadeiros Iniciados na Arte Real, que nos ensina como devemos viver nesta passagem transitória.

O Ir.:. 1º Vig.:., guia e responsável pela col.:. onde o Ir.:. se assenta, poderá orientá-lo, inclusive recomendando quais as leituras mais adequadas.

Permita-nos porem lembrar que o importante mesmo é apreender o que não está escrito, pois não basta conhecer. Muito, mas muito mesmo mais importante é sentir e aplicar o conhecimento, valorizando antes o coração do que a razão.

Por derradeiro, as três pancadas dadas para ingressar no Templo significam ainda:
Bateste, te foi aberto e aqui estás.
Pede, e te será dado, sempre.
E, principalmente, busca, e acharás, com certeza.

Seja benvindo caro Ir.:., ocupa um lugar entre nós, que estaremos todos rogando ao Grande Arquiteto do Universo que te ilumine e guarde, hoje e em todo o itinerário recém começado.

São Paulo, 07 de agosto de 2.006,  E.V.
Ayrton  Francisco  Schneider – M.I.

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