V.M.
Ir. 1.º Vig.
Ir. 2.º Vig.
Queridos IIr.
IMPRESSÕES SOBRE O RITUAL DA MINHA INICIAÇÃO
Desde que fui avisado pelo meu padrinho, o Ir. Pedro Hugo Mancilha Chaves,
que no dia 13 de Novembro de 2001 eu seria iniciado, entrei num processo
de euforia, alegria e apreensão pois havia muito tempo que por este
momento em esperava e não tinha a mínima idéia de como
ele seria.
Chegando à L., meu padrinho pediu-me que aguardasse do lado de fora para avisar que já estávamos prontos.
Aproveitei o momento para fazer uma prece ao G.A.D.U., pedindo que guiasse meus passos a partir de então.
Quando voltou, perguntou-me algumas vezes se era mesmo o que eu desejava ou se preferia desistir. Confirmei então o meu desejo de continuar e pude notar na sua expressão um ar de aprovação. Mandou que eu olhasse em volta, pois a partir daquele momento, nunca mais veria eu o mundo da mesma maneira. Obedecendo ainda suas instruções fechei os olhos pela última vez antes do ritual. Senti o coração disparar quando desci a rampa. Depois de algum tempo já vendado, não tinha mais noção de localização. Confesso que me sentia um tanto inseguro. Fui entregue então ao Ir. Exp. que colocando a mão no meu ombro disse ser meu guia, para ter confiança nele e nada recear. Falou num tom de voz amigo que logo me acalmou. Tomou-me pela mão segurando-a firmemente e guiou-me com tamanha segurança que logo em seguida já não havia em mim nenhuma apreensão. Estava sim excitado pelo que se passava, porém muito feliz pois aquele momento tão aguardado estava enfim sendo vivenciado com tanta lucidez. Pressentia que estava sendo posto à prova e que tinha tudo para chegar a um bom termo. Pensando posteriormente, entendi que ali estava a primeira lição e ele me ensinava não importa o quão crítica seja a situação na qual você esteja ou a escuridão que o cerca, na Maçonaria você terá sempre uma voz irmã ao seu ouvido lhe aconselhando e uma mão que o guiará pelo caminho certo, bastando apenas confiar.
Marcante também foi a permanência na câmara das reflexões, quando me foi pedido que lesse as frases pintadas nas paredes e notasse os objetos ali contidos. Depois de alguma reflexão notei que ali estava uma Segunda lição ou seja regras de conduta que me pediam:
*Real empenho e não mera curiosidade / *Integridade nas atitudes / *Progresso moral, intelectual e espiritual, sem pensar em vantagens materiais / *Fraternidade / * Honestidade / * Humildade.
Lembro-me também de que quando pisei numa espécie de gangorra que desequilibrava ao ser pisada ainda uma vez fui amparado. Isto remeteu-me imediatamente ao filme “Indiana Jones e a Última Cruzada” onde para chegar ao Santo Graal o personagem deveria passar por uma prova semelhante e o que lhe foi podido foi “Fé”.
As viagens seguintes representaram as purificações pelo ar, água (simbolismo de manter as mãos sempre limpas de todo ato escuso) e pelo fogo que é a forma mais drástica de purificação e têmpera. Outro momento de emoção foi o do juramento de fidelidade o qual prestei lúcido e convicto e tenho a certeza para sempre será mantido.
Porém o momento mais marcante foi o da retirada da venda. Até então todas as sensações haviam sido tácteis e auditivas e eu já havia há muito perdido a noção de tempo e espaço. Quando ouvi a voz que disse: “- Faça-se a Luz! E a Luz foi feita! A Luz seja dada ao iniciado!” percebi que chegara o momento. Mas não imaginei a beleza da cena que veria a seguir. Quando a venda foi retirada, a primeira impressão que me vem à lembrança foi a de ver todo o templo banhado pela luz azul. Logo em seguida vi o dossel no fundo do Or., o Ven.M. e todos os IIr. colocados à ordem e seus olhares voltados para nós, os neófitos. Só então me dei conta do grande número de IIr. que estavam presentes.
Pelo som eu havia imaginado que seriam só uns poucos. Tive a impressão de estar numa outra dimensão, fora do nosso espaço. A luz, a música, o ritual e a mística fizeram como que explodir em meu peito uma emoção e uma alegria que nunca havia sentido antes. Foi com certeza a maior que já senti até hoje. Lembro – me que um dos pensamentos que passou-me foi o de que um mero neófito, praticamente desconhecido, estava sendo recebido com pompa, cerimônia e beleza por tantas pessoas tão especiais. Senti então que estava entre IIr. e galgava um novo e importante degrau da minha evolução neste plano.
Muitos outros gratificantes momentos seguiram-se até o final quando na sala dos PP.PP. fui cumprimentado por quase todos e pude sentir, desta vez de perto, o quanto fui bem recebido pelos que então já podia chamar de “Irmãos”.
Ainda naquela noite, antes de me deitar, abri a Bíblia recebida das mãos do Ir. João Ribeiro Pereira Filho que me recomendou o Salmo 133 e lá estava escrito:
“- Deus age através da união do povo. Vejam como é bom, como é agradável os irmãos viverem unidos.”
Or. de São Paulo, 13 de Dezembro de 2001
Leofran Ferreira da Silva
Ap.M.