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À. G. D. G. A. D. U.
V.M.
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Queridos IIr.

PRIMEIRA INSTRUÇÃO DE AP.M.
FILOSOFIA INICIÁTICA E MORAL OPERATIVA

A primeira instrução abre ao Ap. os fundamentos da filosofia esotérica e as regras de conduta para sua elevação. Ele terá que desbastar a P. B. e o que me ocorre para ilustrar esta lição é um fato acontecido com Michelangelo, o grande escultor e arquiteto renascentista. Certa vez, perguntado como conseguia de um tosco pedaço de mármore extrair uma obra-prima de tanta beleza e perfeição, respondeu:

-“Essa escultura, desde sempre esteve lá, adormecida dentro da pedra. Meu único trabalho foi o de, desbastando a pedra, libertá-la e traze-la à luz!”

O mesmo deve acontecer com o maçom. Existe adormecida dentro de cada um de nós uma obra-prima, divina, perfeita e única, encerrada dentro dessa pedra tosca que somos, devido aos nossos erros, ambições, paixões e egoismos.

Nossa missão maior neste plano é a de, como escultores de nós mesmos, desbastar esta pedra e trazer à luz esse ser divino, o qual ainda mal conhecemos, mas criado sim, pelo amor e graça do G.A.D.U.. Então paulatinamente livres do pesado invólucro, estaremos em condições de, como pedreiros livres e criativos, participar da construção moral da humanidade. Para isso faremos uso da “Arte Real”, a arte de usar o pensamento como um instrumento na sua melhor afinação. A arte de pensar por excelência. Para tanto é necessário irrestrita liberdade física e mental. Estas são as proposições das iniciações maçônicas. Ensinam-nos a penetrar seus mistérios, decifrá-los para elevarmo-nos e trabalharmos em prol da grandeza humana.

Para tal tarefa a maçonaria nos indica os instrumentos. A régua, o maço e o cinzel, transcendem sua materialidade e adquirem um caráter sagrado. Cada um deles tem sua equivalência no plano esotérico. A régua implicitamente traz a idéia de reta e portanto esotericamente a retidão espiritual, moral, ética e intelectual; com suas subdivisões traz-nos a idéia da medida e suas frações; no oculto a possibilidade de medir o tempo e aplicá-lo racionalmente. Trabalho e repouso, estudo e ação, teoria e prática, sempre usados na arquitetura maior, transcendente e universal. O maço é a extensão do braço. É ele que transfere toda a força humana para o cinzel. Esotericamente simboliza a razão e a eqüidade. O bem julgar e o bem decidir. O cinzel, por natureza incisivo, deve ser de boa têmpera e afiado. De seu fio dependerá o bom entalhe. Para os maçons significa aplicação. A têmpera da educação e a incisão do intelecto.

Exemplo perfeito são as palavras do Padre Antônio Vieira nos seus “Sermões”:

-“Arranca o estatuário ua pedra destas montanhas, tosca, bruta, dura, informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem”.

HISTÓRIA DA MAÇONARIA UNIVERSAL
ORIGENS DA MAÇONARIA – ESCOLAS DE PENSAMENTO MAÇÔNICO

Procurando em alguns livros subsídios sobre este tema, notei que toda a literatura indica sempre o Egito como o grande berço da maçonaria e que as escolas de pensamento são:

- A Autêntica ,que pesquisa a tradição através de documentos.
- A antropológica, que estuda os costumes religioso e iniciáticos.
- A Mística, que trabalha com o despertar do espírito.
- A Oculta, que procura despertar e treinar os poderes inerentes ao homem.

Como a literatura é muito extensa e o tempo exíguo, tentei sintetizar ao máximo e nenhuma síntese é melhor do que a feita pelos antigos sábios que nos legaram os mandamentos maçônicos. São eles:

1 – Deus, Todo-Poderoso, é Sabedoria Eterna e Imutável e a Inteligência Suprema. Honra-lo-ás com a prática das virtudes.
2 – Tua religião será a de fazeres o bem tão só pelo prazer de fazê-lo e não por obrigação.
3 – Tua alma é imortal; nada farás, pois, que a degrade.
4 – Sê amigo do sábio e conserva seus preceitos. Combate o vício sem descanso. Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam. Conforma-te com tua sorte conservando a luz do sábio.
5 – Ama tua esposa, teus filhos e tua Pátria, cujas leis obedecerás.
6 – Honra teus parentes. Respeita os velhos. Instrui os jovens. Protege a infância.
7 – Considera teu amigo como se fora outra parte de ti mesmo, e jamais te afastes dele em seu infortúnio. Por sua morte, porta-te como se ele ainda vivesse. Mas foge das falsas amizades, para resguardar e justificar tua boa reputação.
8 – Não te deixes dominar pela paixão e sê indulgente com o erro alheio.
9 – Escuta mais, fala menos e age bem.
10 – Esquece as injúrias. Ao mal responde com o bem. Não abuses de tua força nem de tua superioridade.
11 – Aprende a conhecer melhor os homens, para conheceres melhor a ti mesmo e respeita suas crenças políticas e religiosas.
12 – Busca a Verdade, sê justo e evita a ociosidade.

HISTÓRIA DA MAÇONARIA NO BRASIL
O “AREÓPAGO DE ITAMBÉ” E A “LOJA DOS CAVALEIROS DA LUZ”

No século XVIII inspirado pelos ideais maçônicos, nasce o capitalismo industrial, o qual exige liberdade de iniciativa e de concorrência. A maçonaria propõe um novo homem, ciente que seu destino, cultura e criatividade devem ser totalmente livres, contrariamente ao homem proposto pelo absolutismo, submetido ao poder real, vivendo no mundo barroco derivado dos ideais religiosos de Lutero, Calvino e Loyola.
Portugal absolutista paga suas dívidas à Inglaterra com o ouro brasileiro. A revolução industrial inglesa só é possível graças a esse ouro.

Em 1776, inspirado pelos maçons, os Estados Unidos da América libertam-se da Inglaterra. Esse exemplo de república livre inspira muitos brasileiros. Em 1792, na França, junto com a cabeça real, cai o absolutismo. Vence o ideal maçônico da “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”.

A Inglaterra que domina economicamente Portugal e o Brasil, inunda o mercado com seus produtos, arrasando a manufatura brasileira. A corte, no Rio, com sua nobreza parasitária, perdulária e cara, traz o caos financeiro. Em toda a América Latina há um movimento separacionista nascido nas lojas maçônicas. Pernambuco é onde mais sente-se o peso da opressão generalizada. Ali em 1796 é fundado o “Areópago de Itambé”.

Em 1797, em Salvador é fundada a “Loja dos Cavaleiros da Luz” da qual participam Cipriano Barata, Francisco Muniz Barreto e o padre Agostinho Gomes, todos altamente influenciados pelo ideal da Ilustração. Nas ruas a estagnação e a miséria.

Este é o cenário onde são fundadas as duas primeiras lojas maçônicas brasileiras. Seus trabalhos libertários logo se fazem sentir pois deles derivam a Conjura Baiana de 1798 e a Revolução Pernambucana de 1817. A repressão do já agonizante absolutismo português ainda se faz sentir. Os dois movimentos são sufocados e muitos mártires feitos. Porém a semente libertária está lançada e as lojas multiplicam-se inspiradas no exemplo das duas precursoras. E é por seu trabalho contínuo e redentor que se chega à Independência em 1822.

Para exemplificar o nível da opressão a que foram submetidos aqueles brasileiros e a coragem maçônica de denunciá-la e enfrentá-la nada melhor do que ler um dos manifestos que insuflaram a Conjura Baiana:

(...) “Animai-vos Povo Bahiense que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade...
Ó vos Homens cidadaons; ó vos Povos curvados, e abandonados pelo Rei, pelos seus despotismos, pelos seus Ministros.
Ó vos Povo que nascesteis para ser livre e para gozares dos bons efeitos da Liberdade; ó vos Povo que viveis flagelado com o pleno poder do indigno coroado esse mesmo rei que vós criastes; esse mesmo rei tirano he que se firma no trono para vos veixar, para vos roubar e vos maltratar.

Homens, o tempo he xegado para vossa ressureição; sim, para ressucitareis do abismo da escravidão, para levantareis a sagrada Bandeira da Liberdade”.



BIBLIOGRAFIA

Dicionário da Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo
Pequena História da Maçonaria – C. W. Leadbeater
Itambé – Berço Histórico da Maçonaria no Brasil – Xico Trolha
A Maçonaria e a Grandeza do Brasil - A Tenório de Albuquerque
História do Brasil da Colônia à República – Francisco M. P. Teixeira e José Dantas
História do Brasil – Heródoto Barbeiro
História Geral da Civilização Brasileira – II – Brasil Monárquico – Sérgio Buarque de Holanda
Saga – A Grande História do Brasil – Vários – Editora Abril

Or. de São Paulo, 5 de Fevereiro de 2002.
Leofran Ferreira da Silva
Ap. M.


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